A Assembleia Popular de Coimbra (APC) é uma estrutura de deliberação colectiva aberta à participação de toda a comunidade cujos participantes mais activos são na sua maioria activistas inspirados pelos movimentos sociais que sucederam a primavera árabe, sobretudo o 15M espanhol mais conhecido como movimento dos indignados. Em torno da APC têm-se organizado acções diversas com cariz apartidário, laico e pacífico, visando a recuperação do sentido de comunidade através da ocupação dos espaços públicos. Acreditamos que da luta pelo "público" e pelo "comum" poderão ser lançadas as sementes para uma nova democracia. Uma democracia inclusiva, onde os valores da autodeterminação (ou autonomia), da igualdade e da liberdade sejam as linhas condutoras da construção duma sociedade para todas e para todos. O processo de decisão usado na APC é o consenso e não o voto porque não se pretende que a APC tenha unicamente uma função legitimadora de projectos individuais ou de grupos com interesses específicos mas sobretudo que proporcione condições para o desenvolvimento de trabalho colectivo assente nos valores da solidariedade e do respeito.

quarta-feira, 16 de maio de 2012

Relato da Primavera Global de 12 a 15 de Maio em Coimbra

Neste período entre 12 e 15 de Maio passaram largas dezenas de pessoas nas actividades que se têm realizado no Parque Manuel Braga, onde o acampamento se mantém. Depois da manifestação que, no sábado, percorreu as ruas do centro de Coimbra (com uma agradável receptividade de uma considerável parte da população) e que contou com a participação de 100 a 150 pessoas, a ocupação da zona do Coreto no Parque Manuel Braga manteve-se permanentemente. No sábado, o Microfone Aberto que se seguiu à manifestação contou com a participação de mais de 50 pessoas, muitas delas ali permanecendo até à noite, durante a qual houve um Jantar Comunitário onde quem pôde trouxe coisas para partilhar e toda a gente comeu*, seguido de um concerto acústico com guitarra, voz e percussão, dado por duas pessoas da região.
No domingo houve diversas actividades: Oficina de Construção de Hortas Verticais, Oficina de Pintura, Assembleia Popular e Filme (à noite). Durate todo o dia e a noite, passaram pelo Parque Manuel Braga cerca de 60 pessoas. Desde aí, todos os dias têm estado presentes no acampamento e nas actividades algumas dezenas de pessoas (entre 40 e 50).
No dia 14, houve uma conversa sobre a Es.Col.A. da Fontinha e Ocupações, seguida de um “Diálogo entre Experiências – Conhecer e Aprender com Lutas de outros lugares do mundo”, no qual pessoas da Catalunha, do Brasil e do Equador deram a conhecer e debater várias experiências de luta, resistência e modos de vida alternativos nos seus locais de origem. De seguida, realizou-se o Jantar Comunitário e, depois, um concerto de Old Trees, um projecto de punk/folk de uma pessoa da cidade.
Ontem, dia 15, foi um dia de celebração de um ano do Movimento 15M e de tudo aquilo que ele inspirou, tendo-se realizado uma Festa Autogerida em que toda a gente foi convidada a trazer os seus instrumentos e fazer música colectivamente. Mas, mais do que isso, foi um dia de Balanço. Ao final da tarde realizou-se um debate animado e rico sobre As Mentiras da Dívida, seguido de uma “Reflexão de um Ano de Indignação e Mudança”, em que se fez um balanço geral do que se fez a nível local, nacional e internacional, do que se conseguiu e do que falhou. Demos ainda alguma atenção especial à iniciativa que está a decorrer, integrada na “Primavera Global” que está a dar vida e democracia a muitas dezenas de cidades por todo o mundo, e chegámos à conclusão que, como havia gente disposta a realizar actividades e a continuar a acampar e a permanecer permanentemente no Parque (pelo menos até hoje), a iniciativa iria continuar.
Hoje, portanto, a Primavera Global continua no Parque Manuel Braga (junto ao Coreto). Aparece e participa nas actividades!

* É, aliás, essa a ideia dos Almoços e Jantares Comunitários que se realizam todos os dias junto ao Coreto, e que se vão continuar a realizar enquanto o acampamento se mantiver – “quem pode, traga algo para partilhar! Quem não pode, apareça na mesma que há comida para todxs!”.

PS: Os meios de comunicação social têm mantido um quase completo bloqueio de infomação, e a falta de electricidade aqui no Parque Manuel Braga têm-nos dificultado a informação, mas queremos deixar bem claro que continuamos no Parque, e muita gente tem participado.
Se os mass media não são democráticos e não informam as pessoas do que verdadeiramente se passa, então sejamos nós próprios jornalistas, livres e independentes!

Retirado de http://pt.indymedia.org/conteudo/newswire/7609

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