A Assembleia Popular de Coimbra (APC) é uma estrutura de deliberação colectiva aberta à participação de toda a comunidade cujos participantes mais activos são na sua maioria activistas inspirados pelos movimentos sociais que sucederam a primavera árabe, sobretudo o 15M espanhol mais conhecido como movimento dos indignados. Em torno da APC têm-se organizado acções diversas com cariz apartidário, laico e pacífico, visando a recuperação do sentido de comunidade através da ocupação dos espaços públicos. Acreditamos que da luta pelo "público" e pelo "comum" poderão ser lançadas as sementes para uma nova democracia. Uma democracia inclusiva, onde os valores da autodeterminação (ou autonomia), da igualdade e da liberdade sejam as linhas condutoras da construção duma sociedade para todas e para todos. O processo de decisão usado na APC é o consenso e não o voto porque não se pretende que a APC tenha unicamente uma função legitimadora de projectos individuais ou de grupos com interesses específicos mas sobretudo que proporcione condições para o desenvolvimento de trabalho colectivo assente nos valores da solidariedade e do respeito.

quinta-feira, 26 de maio de 2011

Manifesto da Acampada Coimbra

Manifesto da Acampada Coimbra

Somos pessoas comuns. Somos como vocês: pessoas que se levantam pela manhã para trabalhar, procurar trabalho ou estudar. Pessoas que têm família, amigas e amigos. Pessoas que trabalham e pessoas que trabalharam no duro todos os dias para viver e dar um futuro melhor aos e às que nos rodeiam.
Juntamo-nos às muitas e aos muitos que nestes dias estão nas ruas para protestar, que pelo mundo fora lutam hoje pelas liberdades reprimidas pelo sistema económico vigente. São centenas de acampamentos por todo o mundo.
Demo-nos conta que chegámos ao limite e não suportamos mais que uns poucos encham os bolsos e vivam como reis enquanto os outros e as outras, que são a maioria, apertam os cintos. Não aceitamos mais a corrupção de políticos, empresários, banqueiros, etc...
Sabemos que para mudar isto temos que lutar nós mesmas/os à margem dos partidos, sindicatos e demais representantes que querem fazê-lo por nós.
Decidimos ocupar a praça porque queremos um debate onde se façam ouvir as vozes de todos e todas.
Organizamo-nos livremente em auto-gestão e tentamos criar espaços de debate e acção políticos, onde decidimos directa e consensualmente.
Estamos aqui porque defendemos a transformação social face ao sistema político e económico que nos é imposto e nos rouba a vida.
Queremos propôr alternativas de organização possíveis face a um sistema que denunciamos ser:
-Injusto, imoral, desumano e desigual.
-Gerido por uma ditadura financeira que perpetua os roubos descarados e continuados a gerações de trabalhadores e trabalhadoras por parte de bancos, políticos, especuladores, exploradores, etc...
-Causador de guerras, fome e miséria internacionais através de instituições como o Fundo Monetário Internacional (FMI), o Banco Central Europeu (BCE), a Organização Mundial do Comércio (OMC), a Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN/NATO), o G8 e os estados que as apoiam e delas participam.
Defendemos a retirada do plano da “Troika” (FMI, BCE, UE). Não queremos pagar dívidas  resultantes de corrupção, gestão danosa ou imoralidades económicas, financeiras e políticas.
Queremos propôr desde as bases as raízes para construirmos sociedades onde possamos viver livremente através de relações de igualdade e solidariedade, sociedades onde nos sejam asseguradas condições dignas como o acesso a uma casa, a um trabalho devidamente remunerado, a uma velhice livre de miséria e solidão, à saúde, à educação, à cultura, à participação política e ao livre desenvolvimento pessoal.

Aprovado em Assembleia Popular no dia 25 de Maio de 2011

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