A Assembleia Popular de Coimbra (APC) é uma estrutura de deliberação colectiva aberta à participação de toda a comunidade cujos participantes mais activos são na sua maioria activistas inspirados pelos movimentos sociais que sucederam a primavera árabe, sobretudo o 15M espanhol mais conhecido como movimento dos indignados. Em torno da APC têm-se organizado acções diversas com cariz apartidário, laico e pacífico, visando a recuperação do sentido de comunidade através da ocupação dos espaços públicos. Acreditamos que da luta pelo "público" e pelo "comum" poderão ser lançadas as sementes para uma nova democracia. Uma democracia inclusiva, onde os valores da autodeterminação (ou autonomia), da igualdade e da liberdade sejam as linhas condutoras da construção duma sociedade para todas e para todos. O processo de decisão usado na APC é o consenso e não o voto porque não se pretende que a APC tenha unicamente uma função legitimadora de projectos individuais ou de grupos com interesses específicos mas sobretudo que proporcione condições para o desenvolvimento de trabalho colectivo assente nos valores da solidariedade e do respeito.

quarta-feira, 25 de abril de 2012

Tolerância zero face à PSP e ao seu ministro!


A PSP prepara “tolerância zero”(!) para o 25 de Abril(!)... Imagine-se. Portanto que, imediatamente, se delibere sobre a tolerância zero face à PSP, face ao Sr. Ministro da Administração Interna e face ao sr. Presidente Rio, procedendo-se à notificação prévia, por comunicado público com cópia expedida a suas excelências por mail e correio.
O governo, através do seu ministro do interior, está a instaurar um estado de excepção policial que não pode ser tolerado. Define e caracteriza contra direito os grupos e movimentos a excluir das liberdades cívicas. Decide através das secretas, de cuja composição estamos cientes, os que têm ou não direito de cidadania e de manifestação. Preparam ridículas, se não fossem brutais e execráveis, emboscadas. Provocam situações que justifiquem os seus planos de acção, esperando ganhar credibilidade junto das bestas negras que dominam a Europa. A democracia da finança mostra a sua cara. Temos que exigir posição das instituições democráticas mesmo daquelas que estão por detrás da acção criminosa e atentatória das liberdades cuja conquista celebramos na rua, dia 25 de Abril.
É pois preciso recordar que em República não há dignidade superior à de cidadão. Os agentes devem a todo e qualquer cidadão a cortesia (protocolar e cerimonialmente) devida a oficiais superiores, estando circunscritos ao uso proporcionado da força no âmbito do cumprimento da Lei  -à qual todos os cidadãos estão vinculados como modo de obediência a si próprios – no quadro da absoluta impossibilidade da subordinação pessoal de qualquer cidadão seja a quem for.  
O quadro das agressões à bastonada de raparigas ou mulheres de costas, as agressões a ponta-pé a rapazes no chão, ou o disparo de tasers sobre pessoas caídas, a danificação de bens e equipamentos (máquinas fotográficas atiradas ao chão, por exemplo) são condutas que em bom rigor permitem a detenção em flagrante dos agentes policiais no local e a legítima defesa
As condutas em referência também dão causa de acção de indemnização contra o Estado, contra os comandos e designadamente contra o Sr. Ministro da Administração Interna, a Direcção Nacional da PSP  e os funcionários e agentes directamente actuantes em tais distúrbios, se ocorrerem como (infelizmente) têm ocorrido.
A simples presença de forças em número exagerado corresponde, a uso desproporcionado da força, sendo ilegítima qualquer intimidação quanto ao exercício de Direitos Fundamentais, como o de manifestação -   e essa presença, neste quadro já habitual de intervenção (suficientemente demonstrado pelas imagens televisivas difundidas e pelo depoimento escrito de jornalistas presentes), é o preliminar perfeito do que um “rigoroso inquérito” posterior virá a concluir pela culpa das vítimas. E nisso também não há nenhuma novidade: faz parte do comportamento delinquente a acusação das vítimas (na violação, na violência doméstica, na tortura, no proxenetismo, na burla, no assédio moral).
Temos a noção do verdadeiro lirismo que seria contar com o  MP nestas matérias e nesta fase. Mas subsiste o Juiz Cível com a estrita obrigação de imparcialidade – e o procurador junto do Cível fará quanto entenda relativamente à prova aí produzida; subsiste também o Tribunal Europeu dos Direitos do Homem. Isto não pode continuar a acontecer.
E o que mais nos faltava era que a PSP ousasse intimidação prévia quem se prepara para reafirmar politicamente a queda da ditadura. Uma tal manifestação da polícia traduz a indigência intelectual e a desadequação radical da sua direcção face aos pressupostos jus filosóficos do sistema. Tal conduta institucional não é compatível com a democracia parlamentar, nem o voto expresso autoriza tal prática institucional (alheia a qualquer programa eleitoral votado).
Isto não é tolerável. Simplesmente. 

Subscrevem,
Associação Contra a Exclusão pelo Desenvolvimento (ACED)
Plataforma Anti-Guerra e Anti-Nato – PAGAN
Plataforma Cidadã de Resistência à Destruição do SNS
O Comité de Solidariedade com a Palestina
Assembleia Popular de Coimbra

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